Crystal Waters - "Gypsy Woman"1991 ficará sempre gravado na minha memória pois são deste ano algumas das minhas maiores referências musicais. Para as pistas de dança desse ano aqui fica mais uma... obrigatória!
Low Frequency OscillationNa maioria das vezes o crescimento dos gostos musicais de uma pessoa reflectem-se como se o crescimento de uma árvore se tratasse… assim forma-se um tronco principal que suporta toda a estrutura de ramificações que, de quando em vez, aparecem, tendo como directrizes o acaso.
Ora a minha audição musical actual baseia-se num tronco principal alimentado pela música electrónica, sendo as suas ramificações mais antigas baseadas na techno e no fenómeno (ilegal) das raves britânicas do início da década de 90. Para quem acompanhou estes dois fenómenos tal como eu, devem-se lembrar das duas tendências de mais sucesso da altura: - o techno hardcore, baseado num som o mais agressivo, negro, difícil e inaudível possível, onde o ritmo se aproxima das 180-190 batidas por minuto, e que teve como seus expoentes os Prodigy [“Experience” (1992)] e os Altern 8 [“Full on… mask hysteria” (1992)]; - o ambient techno (house), baseado num som muito menos agressivo, criado sobre atmosferas sonoras que muito devem à ficção científica e às ideias que todos temos acerca de viagens espaciais, e que teve como seus expoentes os 808 State [“Ex:El” (1991)] e os Orbital [“Orbital 2” (1992)].
Como nesta altura a música electrónica era um fenómeno underground (e mal visto), não existiam muitos sítios para ouvirmos estes sons, assim recorríamos às rádios locais e algumas nacionais para nos educarmos musicalmente… ainda não imperavam as playlists, como hoje em dia!
Uma dessas fontes era um programa na Rádio Comercial denominado “Quarto Bairro”, patrocinado pela Bimotor (loja que importava os melhores discos de todas as variações electrónicas) e onde o Tó Pereira (aka DJ Vibe), o Doctor J (aka Rui Da Silva) e o Alex S (grande Alex que ainda hoje dá grandes festas lá para os lados de Leiria) davam os primeiros passos…
Num desses programas fiquei com o som de um projecto registado na minha mente, que se mantém até hoje, apenas e só por ser completamente diferente do que se ouvia na altura… mais ambient techno, mais banda sonora de ficção, mais mecânico e muito mais digital! Tratava-se dos LFO e o seu primeiro álbum “Frequencies” (1991).
Constituídos por Marc Bell e Gez Varley este projecto revolucionou o som da música electrónica Britânica incorporando o som progressivo de influência Detroit, o electro funk e bastante experimentalismo. Deste álbum, destaco os temas “LFO”, “Freeze” (para mim um dos melhores temas que a musica electrónica produziu) e “We are back” (intimamente ligado ao minimalismo electrónico do início dos anos 80 proposto pelos Kraftwerk).
O segundo álbum desta dupla, denominado “Advance”, só saiu em 1995 e consolidou a capacidade criativa deste duo, sempre baseada no experimentalismo electrónico, mas com uma orientação mais definida e abandonando um pouco as atmosferas contemplativas e a mecanicidade do álbum anterior. De audição obrigatória os temas: “Advantage”, “Goodnight Vienna” e “Tied up”.
Apesar de aclamados pela crítica, os LFO entraram numa crise de “meia idade” fazendo com que Bell virasse as suas atenções para a produção do álbum “Homogenic” de Björk e “Exciter” dos Depeche Mode e que Varley se concentrasse na sua carreira a solo.
Surge em 2003 o seu último trabalho “Sheath”, um trabalho a solo de Bell e mais uma prova de que é um dos melhores produtores britânicos da actualidade. Baseado num som mais cru e menos trabalhado, ainda mantém algumas bases de experimentalismo, basta ouvir o tema"Freak", mas longe da criatividade de outros tempos… para quem acha , como eu, que “Frequencies” é do melhor que a electrónica pode oferecer.
ElectroElectro é o feixe de toda a música electrónica e de onde emergiu, mais tarde, o Techno. O pioneiro foi Afrika Bambaataa e as suas fusões de estilos, em que a electrónica germânica e um funk de carácter futurista assumiram grande importância. Durante algum tempo, foi fortemente associado ao breakdance, cujo carácter efémero provavelmente também contribuiu para que este fosse um estilo sem grande repercussão no tempo e no espaço. Os Kraftwerk e as suas pioneiras investidas no campo da música de dança (tal como hoje a conhecemos) são a clara inspiração. Outros exemplos de mestria Electro são os Cybotron, Newleus, Aux 88, Tangerine Dream ou os Yellow Magic Orchestra de Ryuichi Sakamoto.
Verão. Nascer do Sol. Tempo refrescante.
Momentos suaves. Beleza sossegada.
Tardes preguiçosas. Brisa suave ao Pôr-do-sol.
Noites sensuais.
Enfim, o lado bom da vida…