Talvin Singh... Songs for the Inner WorldDesde sempre que me sinto atraído pelas fusões entre tipos de sonoridades distintas, e uma das minhas grandes paixões sonoras é a fusão entre a música ocidental e a musica tradicional Indiana.
Um dos melhores exemplos da "arte de bem fazer fusão" é o ultimo trabalho de Talvin Singh, "Songs for the Inner World/Live at la Basilique, Saint Denis", e que também me faz relembrar o início da minha ligação à musica deste indiano.
Filho de indianos e nascido em Leytonstone (Inglaterra), Talvin Singh, inicia a sua educação musical clássica aos 5 anos, aprendendo tablas e passa o inicio da sua juventude a ouvir breakdance, electro e punk rock. Aos 16 anos vai para a Índia de forma a aperfeiçoar a aprendizagem da musica tradicional Indiana (bhangra).
Quando regressa a Londres, em meados da década de 80, e apesar de ter completado a aprendizagem, rejeita o seu passado de formação clássica, funda o clube Anokha e cria uma fusão inovadora entre a musica bhangra, de raiz indiana, e a electrónica drum'n'bass.
Quando, no final da década de 90 fui "transplantado" para Lisboa, tive a felicidade de me cruzar com o seu primeiro album de originais "Ok", ficando agradavelmente surpreendido com a profunda ligação das excelentes sequências de batidas de drum'n'bass (a fazer lembrar o "mestre" Goldie) com os instrumentos e as vozes tradicionais indianas. Deste album destaco o tema "Butterfly", onde se pode ver toda a capacidade inovadora de Talvin Singh.
Durante este tempo andava também à procura de um tema drum'n'bass que passava muito na televisão, como suporte a um spot publicitário do primeiro gravador de CD's da Philips, e foi então que, numa destas procuras pelas lojas, descobri o primeiro trabalho de Talvin Singh, "Anokha: Soundz of the Asian Underground".
Este trabalho é uma compilação organizado por Talvin, onde são apresentados nomes emergentes da cena underground asiática Londrina e onde a musica tradicional indiana é misturada com drum'n'bass, breakbeats e electrónica. Aqui podemos encontrar, além de dois temas originais de Talvin, projectos como State of Bengal, Future Sound of India e Amar. E, como cereja em cima do bolo, o tema de abertura, de Talvin Singh, "Jaan", era o tal tema do spot publicitário que eu tanto procurava... correu bem.
Em 2000, Talvin Sigh lança o seu segundo album de originais, o incompreendido "Ha". Este album marca uma viragem na sua carreira, pois Talvin afasta-se de todas as suas influências iniciais e constroi este trabalho sozinho. Para quem estava à espera dos ambientes eloquentes e melódicos de "Ok", recebeu um album narcisista, frio e de "des-cronstrução" dos standards da altura... um autêntico manifesto anti-mainstream! Basta ouvir os 12 minutos do tema de abertura "One"...
Depois deste choque, para o mercado e não para os seus fans, Talvin Singh choca novamente o mainstream, voltando a assumir integralmente as suas raízes e lança, em parceria com Rakesh Chaurasia, "Vira", um trabalho de musica tradicional indiana onde são tocadas ragas, à boa maneira de Ravi Shankar.
Em 2003, Talvin é convidado pela organização do Festival de Saint-Denis (França) para participar no festival e preparar um concerto, que ficará imortalizado no seu ultimo trabalho "Songs for the Inner World/Live at la Basilique, Saint Denis".
E o que dizer deste trabalho? É simplesmente fabuloso e, para mim, a musica do futuro... sem raças, sem credos, sem política. Apenas musica!
"Only You", o tema de abertura, começa com uma "discussão" entre tablas e voz, bem ao jeito indiano, que vai gradualmente aumentando de intensidade, até atingir o climax com a introdução das influências ocidentais (programações e ambientes sonoros) sem nunca incomodarem a fluência dos instrumentos indianos. Quando tudo parece novamente calmo recomeça novamente o turbilhão até tudo convergir num excelente solo de tablas e acabando, novamente, no diálogo tablas e voz. No tema "21st Tabula", Talvin Singh apresenta uma solução para a musica do futuro: tablatronics (tablas + electronics), programações, ambientes digitais e muitos samples... Mas, a experiencia de ouvir "Arternal" leva-nos a paisagens nunca antes visitadas... atinge-se o verdadeiro paraíso! O tema arranca com cantos gregorianos, talvez influência do concerto ser na Basílica de Saint Denis, juntando-se logo depois um excelente breakbeat. Para finalizar, o espaço restante é preenchido pelas sonoridades indianas.
Para Talvin Singh o futuro da musica é agora...
Discografia: - "Anokha: Soundz of the Asian Underground" (1997) - "Ok" (1998) - "Talvin Remixsingh OK" (1999) - "Ha" (2000) - "Back to Mine" (2001) - "Vira" (2002) - "Songs for the Inner World/Live at la Basilique, Saint Denis" (2004)
Verão. Nascer do Sol. Tempo refrescante.
Momentos suaves. Beleza sossegada.
Tardes preguiçosas. Brisa suave ao Pôr-do-sol.
Noites sensuais.
Enfim, o lado bom da vida…